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Tome o maior cuidado para não ser tentado e iludido por maus cristãos

É preciso precaver-se contra os maus cristãos.

Diác. Mario Cardoso
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É preciso precaver-se não só contra os pagãos, os judeus e os hereges, mas também contra os maus cristãos.

Conserva tudo isso gravado no teu coração e invoca a Deus, em quem crês, que te guarde das tentações do diabo. Sê cauteloso para que se não insinue em ti o inimigo que, para o mal-intencionado alívio de sua condenação, procura descobrir companheiros com quem seja condenado.

Ele ousa tentar os cristãos não só por meio dos que odeiam o nome cristão e, lamentando que toda a terra esteja tomada por esse nome, desejam ainda servir como escravos aos ídolos e superstições diabólicas: tenta-os também, algumas vezes, através dos que a pouco lembramos, esses que cortados da unidade da Igreja como de uma videira podada são chamados heréticos ou cismáticos. Outras vezes, procura experimentá-los e seduzi-los por meio dos judeus.

Mas o que cada um deve é tomar o maior cuidado para não ser tentado e iludido por homens que se encontram na própria Igreja Católica – esses que, como palha, a Igreja tolera até o tempo da debulha.

Deus é paciente com eles porque, através do exercício de sua perversidade, confirma a fé e a prudência dos eleitos. E também porque muitos se tornam melhores e, condoídos das próprias almas, voltam com grande entusiasmo a agradar a Deus. E graças à paciência divina, nem todos acumulam ira para o dia da cólera do justo Juízo de Deus: muitos, a mesma paciência do Onipotente os conduz à mais salutar das dores, a da penitência.

Enquanto isso, exercita-se por meio deles não só a tolerância mas também a misericórdia dos que já estão no caminho reto.

Hás de ver muitos ébrios, avaros, trapaceiros, jogadores, adúlteros, fornicadores; verás a muitos que se atam com remédios sacrílegos, ou se entregam aos encantadores, astrólogos e adivinhos de quaisquer artes ímpias.

Hás de notar, ainda, que enchem as igrejas nos dias de festa as mesmas turbas que enchem os teatros nos dias solenes dos pagãos: e vendo-os, serás tentado a imitá-los.

Por que digo verás o que, já no presente, com certeza sabes?… Não ignoras certamente que muitos, que se dizem cristãos, praticam todos esses atos que em poucas palavras lembrei. E talvez não ignores que algumas vezes praticam faltas mais graves – esses mesmos que se chamam cristãos.

E, se vens com a intenção de despreocupado, praticar os mesmos atos, muito te enganas: de nada te servirá o nome de Cristo quando começar a julgar severamente Aquele que antes se dignara socorrer misericordiosamente.

Ele o anunciou e o diz no Evangelho:

Nem todo aquele que me diz Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas o que faz a vontade de meu Pai. Muitos me dirão naquele dia Senhor, Senhor, em teu nome comemos e bebemos.

Mt 7, 21-22; Lc 13, 26

A condenação é o fim de todos os que perseveram em tais ações. Quando vires, portanto, muitos não só as praticarem mas também defendê-las e aconselhá-las, conserva-te na Lei de Deus e não sigas os prevaricadores. Na verdade, não serás julgado segundo o sentimento deles, mas segundo a verdade dele.

REFERÊNCIA:

SANTO AGOSTINHO. A Instrução dos Catecúmenos. Trad. Maria da Glória Novak. Petrópolis, RJ: Vozes, 2020.

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